quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Perguntas à Lingua Portuguesa


( Neste dia das línguas maternas faz sentido o texto de Mia Couto " Perguntas à Lingua Portuguesa " )

Venho brincar aqui no Português, a língua. Não aquela que outros embandeiram. Mas a língua nossa, essa que dá gosto a gente namorar e que nos faz a nós, moçambicanos, ficarmos mais Moçambique. Que outros pretendam cavalgar o assunto para fins de cadeira e poleiro pouco me acarreta.
A língua que eu quero é essa que perde função e se torna carícia. O que me apronta é o simples gosto da palavra, o mesmo que a asa sente aquando o vôo. Meu desejo é desalisar a linguagem, colocando nela as quantas dimensões da Vida. E quantas são? Se a Vida tem, é idimensões? Assim, embarco nesse gozo de ver como a escrita e o mundo mutuamente se desobedecem.
Meu anjo da guarda, felizmente, nunca me guardou.
Uns nos acalentam: que nós estamos a sustentar maiores territórios da lusofonia. Nós estamos simplesmente ocupados a sermos. Outros nos acusam: nós estamos a desgastar a língua. Nos falta domínio, carecemos de técnica.
Ora qual é a nossa elegância? Nenhuma, exceto a de irmos ajeitando o pé a um novo chão. Ou estaremos convidando o chão ao molde do pé? Questões que dariam para muita conferência, papelosas comunicações. Mas nós, aqui na mais meridional esquina do Sul, estamos exercendo é a ciência de sobreviver. Nós estamos deitando molho sobre pouca farinha a ver se o milagre dos pães se repete na periferia do mundo, neste sulburbio.
No enquanto, defendemos o direito de não saber, o gosto de saborear ignorâncias. Entretanto, vamos criando uma língua apta para o futuro, veloz como a palmeira, que dança todas as brisas sem deslocar seu chão. Língua artesanal, plástica, fugidia a gramáticas.
Esta obra de reinvenção não é operação exclusiva dos escritores e linguistas. Recriamos a língua na medida em que somos capazes de produzir um pensamento novo, um pensamento nosso. O idioma, afinal, o que é senão o ovo das galinhas de ouro?
Estamos, sim, amando o indomesticável, aderindo ao invisível, procurando os outros tempos deste tempo. Precisamos, sim, de senso incomum. Pois, das leis da língua, alguém sabe as certezas delas? Ponho as minhas irreticências. Veja-se, num sumário exemplo, perguntas que se podem colocar à língua:
• Se pode dizer de um careca que tenha couro cabeludo?
• No caso de alguém dormir com homem de raça branca é então que se aplica a expressão: passar a noite em branco?
• A diferença entre um às no volante ou um asno volante é apenas de ordem fonética?
• O mato desconhecido é que é o anonimato?
• O pequeno viaduto é um abreviaduto?
• Como é que o mecânico faz amor? Mecanicamente?
• Quem vive numa encruzilhada é um encruzilheu?
• Se diz do brado de bicho que não dispõe de vértebras: o invertebrado?
• Tristeza do boi vem dele não se lembrar que bicho foi na última reencarnação. Pois se ele, em anterior vida, beneficiou de chifre o que está ocorrendo não é uma reencornação?
• O elefante que nunca viu mar, sempre vivendo no rio: devia ter marfim ou riofim?
• Onde se esgotou a água se deve dizer: “aquabou”?
• Não tendo sucedido em Maio mas em Março o que ele teve foi um desmaio ou um desmarço?
• Quando a paisagem é de admirar constrói-se um admiradouro?
• Mulher desdentada pode usar fio dental?
• A cascavel a quem saiu a casca fica só uma vel?
• As reservas de dinheiro são sempre finas. Será daí que vem o nome: “finanças”?
• Um tufão pequeno: um tufinho?
• O cavalo duplamente linchado é aquele que relincha?
• Em águas doces alguém se pode salpicar?
• Adulto pratica adultério. E um menor: será que pratica minoritério?
• Um viciado no jogo de bilhar pode contrair bilharziose?
• Um gordo, tipo barril, é um barrilgudo?
• Borboleta que insiste em ser ninfa: é ela a tal ninfomaníaca?
Brincadeiras, brincriações. E é coisa que não se termina. Lembro a camponesa da Zambézia. Eu falo português corta-mato, dizia. Sim, isso que ela fazia é, afinal, trabalho de todos nós. Colocamos essoutro português – o nosso português – na travessia dos matos, fizemos que ele se descalçasse pelos atalhos da savana.
Nesse caminho lhe fomos somando colorações. Devolvemos cores que dela haviam sido desbotadas – o racionalismo trabalha que nem lixívia. Urge ainda adicionar-lhe músicas e enfeites, somar-lhe o volume da superstição e a graça da dança. É urgente recuperar brilhos antigos. Devolver a estrela ao planeta dormente.

Mia Couto

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Dia da Língua(s) Materna(s)


Foi criado pela Unesco.

Extingue-se um idioma a cada 15 dias. Uma forma de falar, ouvir, pensar e representar o universo por parte do Homem desaparece para sempre a cada 15 dias, que é o ritmo de extinção das mais de 6.700 línguas existentes no mundo.
Em apenas duas gerações, terão desaparecido mais de metade destas línguas, ou seja, ter-se-ão perdido quase 4.000 formas de dizer «amor», segundo calculam os filólogos e linguistas.
A 21 de Fevereiro, a UNESCO celebra o Dia Internacional da Língua Materna
Segundo a UNESCO, as línguas são veículos de transmissão dos sistemas de valores e de expressões culturais, constituindo um factor decisivo para a identidade de cada pessoa.
Ainda que sejam uma componente essencial do património vivo da humanidade, definição dada pela organização cultural e educativa da ONU, mais de metade dos cerca de 6.700 idiomas que existem estão em perigo de extinção.
Algumas línguas encontram-se concentradas num só país, tal como acontece no México, país de língua espanhola que, segundo o catálogo da publicação especializada «Ethnologue», possui cerca de 297 línguas vivas, ainda que em algumas, como o uto-azteca Opata, restem poucas frases por pronunciar: em 1993, apenas 11 pessoas falavam este idioma no Distrito Federal e quatro no Estado do México.
Noutros países, a quantidade de línguas é ainda maior: existem 820 línguas na Papua-Nova Guiné, 737 na Indonésia, 536 na Nigéria, 427 na Índia e ainda mais de 300 línguas sobreviveram à conquista do oeste nos Estados Unidos.
Em alguns países, a taxa de extinção é vertiginosa, como o Brasil, país que tem catalogadas 235 línguas, e provavelmente alguma por descobrir, assistiu ao desaparecimento de 47 idiomas durante o século XX. As 188 línguas vivas brasileiras, excepto o português e o espanhol, ficam prejudicadas por pertencerem a comunidades muito pequenas e dispersas.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Educação e E-learning 2.0: Usar Videojogos no Ensino?

Educação e E-learning 2.0: Usar Videojogos no Ensino?: "A geração que nasceu entre o final do século XX e o início do século actual, conhecida por “net generation” ou nativos digitais está de algu..."

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Concurso Nacional de Leitura


A fase distrital decorre no dia 9 de Abril, a partir das 13.30 horas no auditório da Câmara Municipal de Barcelos.

Os livros seleccionados para a fase distrital são os seguintes:

“Diário Cruzado de João e Joana” – Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada, ed Caminho

“Vento, Areia e Amoras Bravas” – Agustina Bessa-Luís, Guimarães Editores

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

O Grande C


O Grande © tem uma missão institucional: enraizar o valor da criatividade e da diversidade da obra original, como fundamento para a protecção concedida pelo Direito de Autor e pelos Direitos Conexos, em especial na era digital.

O Concurso de Criatividade Grande © é um projecto desenvolvido para os alunos e as suas escolas, sobre o valor da criatividade e da obra original, que é a base e o fundamento do Direito de Autor e dos Direitos Conexos.

O projecto surge na sequência do reconhecimento de que a cultura em geral (seja através da música, filmes, escrita ou outros meios) é parte integrante da vida dos jovens e que a internet é uma fonte de informação, de apoio e de ligação entre estes e o meio artístico. Esta relação deve contudo ser feita de uma forma que consiga proteger não só os dados pessoais dos jovens, mas também as obras.


Pesquisem, informem -se , peçam ajuda e concorram.

Desafios à nossa criatividade são desafios "bué de fixes"

Concurso de Ilustração Alexandre Parafita


Dia 24 de Março teremos connosco o escritor Alexandre Parafita. Temos na biblioteca muitos exemplares da sua obra e criámos este desafio. Vem , lê e ilustra, participa e concorre. Os trabalhos deverão ser criados em folhas A3 ou A4 e entregues até 18 de Março.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Dia dos namorados


Falar do dia de S. Valentim, no Minho, remete-nos de imediato para os lenços de namorados, uma arte popular cultivada desde longa data pelas raparigas em idade namoradeira.Quem acha que a tradição desaparece desengane-se. Hoje, há já várias indústrias que fizeram e fazem desses motivos interessantes indústias, desde a cerãmica, a utilização dos motivos na moda, na confeitaria e nos textêis.Razão para a lei que diz " Na natureza nada se perde, nada se cria, tudo se transforma". Na entrada da nossa escola aprecie esta arte secular. Se desejar saber mais desta arte, temos na Biblioteca, o livro certo .


sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Dia de S. Valentim

Não tinhamos há poucos anos a tradição de comemorar o dia de S. Valentim, mas a globalização leva-nos para caminhos antes inexistentes. Mas, se outras estradas surgiram, vamos percorrê-las nos nossos próprios meios de transporte.

Para este dia escolhemos o tema do AMOR na poesia portuguesa: Um tema de sempre para sempre. Escolhemos 14 poemas para o já mítico dia 14.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Na companhia de gaivotas


Enquanto almoçávamos no Parque da Cidade`e à espera da hora do musical das abelhas tivemos a companhia de muitas gaivotas. A lembrança do poema de José Gomes Ferreira foi inevitável

Leva-me os olhos, gaivota,
e deixa-os cair longe naquela ilha sem rota...
Lá...
onde os cravos e os jasmins
nunca se repetem nos jardins...
Lá...
onde nunca a mesma aranha tece a mesma teia
na mesma escuridão das mesmas casas...
Lá...
onde toda a noite canta uma sereia
...e a lua tem asas...
Lá...

José Gomes Ferreira (Portugal)

Um dia diferente





Hoje foi um dia de muitas aprendizagens em outras salas de aula. Os nossos alunos de 5º ano passaram um dia no Porto num rico programa cultural. A manhã decorreu no Museu e nos Jardins de Serralves. Tivemos uma interessantíssima visita à exposição "À arte, cidadãos" conduzida com mestria e simpatia por uma guia simpatiquíssima. Aqui deixamos o nosso gesto solidário para com Timor, deixando alguns livros. Seguiu-se um passeio pelos silenciosos jardins, atravessando a avenida onde se erguem seculares, silenciosos e despidos liquidambares, à espera dos frescos vestidos que a primavera lhes dará.

Prosseguimos a viagem em direcção ao parque da cidade do Porto para um tempo de almoço e de prazer que o espaço permite. Estivemos sem sol debaixo de um céu cinzento mas amigo, sem chuva nem vento. Refeitos e satisfeitos, dirigimo-nos para a Exponor para o espectáculo musical BZZZZZZ....a união faz a força! Uma história de valores num espectáculo de luz, música e dança.
Um dia de muitas aprendizagens em outras salas de aula.

Dia da Internet Segura


Comemora-se hoje o Dia da Internet Segura. Sabendo que a utilização da Internet é cada vez mais uma realidade, é necessário que cada utlizador o faça de forma SEGURA e esclarecida para poder usufruir plenamente dos seus benefícios.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Faria anos Almeida Garrett


Garrett foi o grande impulsionador do teatro em Portugal a partir do Romantismo. Propôs a edificação do Teatro Nacional e a criação do Conservatório. Com admirável persistência, Garrett não desistia. Em 1816 inscreveu-se na Faculdade de Leis e tomou contacto com os ideais liberais. Em 1843 começou a publicar as “Viagens na Minha Terra”. Foi o homem que deu à língua portuguesa o preceito de modernidade. “A língua moderna no País começa com Garrett”, diz António Mega Ferreira, presidente da Fundação Centro Cultural de Belém.


quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Em memória de Sophia


O espólio de Sophia foi entregue no passado dia 26 de Janeiro à Biblioteca Nacional, em simultâneo com uma exposição que lhe é dedicada, intitulada "Uma vida de poeta".A 27 e 28 do mesmo mês decorreu na Gulbenkian um Colóquio Internacional, justamente merecido, sobre a vida da escritora, a poeta de quem a realizadora Margarida Gil disse "A poesia e ela confundiam-se e confundia-se nela um desejo de justiça que sempre admirei" .
Nós, aqui, também a admiramos muito e deixamos-lhe um poema



Em memória de Sophia

Ainda te dói esta pátria que falece
À sombra da forma justa que sonhaste
A terra jaz de bruços conspurcada
Só as aves beijam o mar que tanto amaste.

Maria Isabel Fidalgo