segunda-feira, 19 de julho de 2010

Ler, um bom remédio contra a solidão


Férias não é tempo de solidão, mas se for, não se esqueça que um livro é um bom remádio.Aqui lhes deixamos um poema do José Jorge Letria.Boas férias com livros, sempre.

Abre-se o livro
Em qualquer página
E cabe nele um dia ou um ano,
Cabe nele a sabedoria,
O romance e a poesia,
Cabe nele o conhecimento
E a luz que nem do pensamento,
Cabe nele tudo o que somos,
Desde que gostemos de ler,
Porque ler é aprender,
Sendo também liberdade e prazer;
Cabe nele o mundo inteiro,
Escrito em computador
Ou com tinta de um tinteiro,
E de tudo isso falará neste dia
O leitor verdadeiro,
Que do livro, por ser livre,
Será sempre amigo e companheiro.
José Jorge Letria

terça-feira, 6 de julho de 2010

Partiu Matilde Rosa Araújo


Conheci Matilde muito bem. Deu-me o privilégio de me considerar a mim e ao meu marido como netos que não teve e conheço toda a sua obra. Deixa-me uma saudade imensa e vou olhar para cada um dos seus livros com uma saudade terna, impossível de traduzir. Matilde não era uma metáfora da ternura. Era a ternura. Minha neta é Matilde em sua homenagem. Em muitas das minhas aulas li emocionada muito dos seus textos e tenho a certeza que hoje, dias do seu falecimento físico, muitos dos meus alunos se lembrarão dessas leituras poéticas partilhadas. Na biblioteca continuarei a difundir, a sua obra e sempre que possível o seu exemplo de humanismo e de amor à infância e aos seus direitos. Boa noite "avó". Vá com as aves, como disse Eugénio, mas saiba que ficará no coração de muitos de nós, porque já há muito mora lá.

Matilde foi


Matilde foi,
Matilde adormeceu...
Quem sabe,
Mesmo velhinha...
Não encontre agora,
No fluir tranquilo,
Que o rio tem,
O doce remanso,
Berço e descanso,
Do colo de sua mãe...
Maria Isabel Fidalgo

Também por causa dela



Por causa dela, também por causa dela, descobri que ser professor(a) não é (apenas) ter um Estatuto. É ser doutra estatura.

"Eu ensinava numa escola velha, escura. Cheia do barulho da rua, dos «eléctricos» que passavam pelas calhas metálicas. Dos carros que continuamente subiam e desciam a calçada. Até das carroças com os seus pacientes cavalos.
A escola era muito triste. Feia. Mas eu entrava nela, ou digo antes, em cada aula, e todo o sol estava lá dentro. Porque via aqueles rostos, trinta meninas, olhando para mim, esperando que as ensinasse.
O Quê? Português, francês. Hoje sei, acima de Tudo, o amor da vida. Com toda a minha inexperiência. Com todos os meus erros. Porque um professor tem de aprender todos os dias. Tanto, quase tanto ou até muito mais que os alunos."

Matilde Rosa Araújo, O sol e o menino dos pés frios

Caixinha de música



Grilo, grilarim,
Tens um canto azul...
Na noite de cetim!

Cigarra, cigarraia,
Tens um canto branco
No dia de cambraia!

Formiga, miga, miga.
Só tu cantas os nadas
Do silêncio do Sol,
Das estrelas caladas...


Matilde Rosa Araújo, O Livro da Tila

História do senhor mar




Deixa contar...
Era uma vez
O senhor Mar...
Com uma onda...
Com muita onda...
E depois?
E depois...

Ondinha vai...
Ondinha vem...
Ondinha vai...
Ondinha vem...
E depois...
a menina adormeceu
Nos braços da sua Mãe...

Matilde Rosa Araújo

Conversa pequenina

Mãe, o Sol é redondo, é?
É, meu amor.
Mãe, a Lua é redonda, é?
É, meu amor.
Mãe, então tu és redonda
[também?
Não,meu amor.
Oh!

Matilde Rosa Araújo,
O Livro da Tila