terça-feira, 8 de novembro de 2011

Novidade para alunos e professores

Matemática das coisas ( já disponível na Biblioteca )

Galardoado com o European Science Award na categoria de Melhor Comunicador do Ano, um novo livro de Nuno Crato dedicado às histórias matemáticas, como por exemplo histórias de confusões nas auto-estradas por não se seguirem regras da geometria cartesiana. Enfim, histórias acerca da beleza da matemática, contadas para que todos a entendam e se entusiasmem.

SINOPSE

Sobre o livro, direi que o título é muito sugestivo do conteúdo. O que o autor faz, em capítulos muito curtos (45 ao todo), é dar exemplos da presença da Matemática em “coisas” da vida corrente, da vida de todos os dias.
Esses exemplos, várias vezes, são surpreendentes e inesperados, porque tal presença é nesses casos invisível. São situações em que à partida não ocorre que a Matemática tenha um papel tão central.
Esta é portanto uma primeira razão para comprar o livro.
Outra é a variedade dos exemplos. Há de tudo, desde temas clássicos até questões do quotidiano e da actualidade: cortar bolos, dar nós de gravata e nos atacadores de sapatos, a forma do papel A4, geografia e astronomia, comunicações secretas, biologia, os automóveis no trânsito, o QI, as eleições, a arte...
Quem lê este livro fica com várias impressões. Uma das dominantes é a da presença da Matemática em imensos campos da vida, da actividade e do pensamento humanos. Nesse sentido, o livro cumpre uma relevante função, que é a de mostrar como a Matemática está intrinsecamente ligada à cultura, como é ela própria cultura. Isto é importante até para quem seja matemático profissional.
A variedade dos exemplos serve também para ilustrar a variedade da própria Matemática. Quem julgar a Matemática a partir de uma experiência limitada dela pode ter a ideia de que esta ciência deve ser uma espécie de tabuada cada vez mais complicada, e o estudo de figuras cada vez mais torcidas. O livro mostra que isso não é assim. A partir de exemplos de aplicação, sem entrar pelos capítulos mais teóricos, vê-se que a Matemática é muito variada, e que no seu cerne está sobretudo o raciocínio lógico.
Outra característica marcante do livro é o estilo de redacção. Não há, ao longo das suas cerca de 250 páginas, uma única fórmula. Isto é obra, num livro de Matemática.
O autor explica, dá exemplos, mas nunca entra em fórmulas. Qualquer leitor percebe que, se quiser explorar melhor um assunto dos tratados no livro, provavelmente não vai poder fugir às fórmulas. Por trás de cada uma destas pequenas histórias está pensamento matemático real, lógica e raciocínios correctos. Mas o principal já lá está, numa linguagem acessível mas sem faltas ao rigor. O autor simplifica, como é inevitável, mas conta sempre o essencial da história.
Este é o dilema clássico do cientista divulgador: se inclui pormenores técnicos a mais, como as exigências da profissão parecem impor, pode perder muito do seu público; se os omite, não está a contar a história toda, e corre o risco de deformar o próprio objecto do seu discurso. Nuno Crato domina as regras do género e resolve o dilema especialmente bem, se pensarmos no vasto público leitor a que se dirige.
Cada capítulo é uma mini-obra-de-arte de escrita. O assunto é apresentado, há referências a uma questão do dia-a-dia, pode haver uma comparação ou uma metáfora, e depois apresenta-se a solução do problema em causa, ou pelo menos o estado actual da investigação sobre ele. E frequentemente termina-se com um regresso ao princípio, o que é sinal de bom gosto no plano literário.
Tudo isto numa linguagem simples, acessível, que qualquer pessoa entende. Quem deixar de comprar este livro porque ele tem a palavra “Matemática” no título está perder uma boa oportunidade de se reconciliar com a Matemática.

Um exemplo:

Num capítulo sobre o GPS, Nuno Crato, para explicar como o sistema funciona, pede ao leitor que se imagine perdido no Alentejo, mas conseguindo ouvir os sinos das igrejas de duas povoações a alguns quilómetros dali. Descreve a seguir como, com esta informação, o leitor pode identificar a sua posição, e daqui parte para a descrição do GPS. O capítulo termina assim: “O GPS é um sucesso espantoso da ciência e da tecnologia modernas. O seu princípio básico, contudo, é tão simples e belo como o som dos sinos que ecoam na planície alentejana.”

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