sábado, 29 de janeiro de 2011

Literatura infantil vive um bom momento em Portugal


O comissário do Plano Nacional de Leitura (PNL) afirmou ontem, na Universidade do Minho, que um dos problemas da literatura infanto-juvenil é a grade rotação dos livros nas livrarias.
Convidado para a abertura do colóquio internacional sobre ‘Literatura Infantil e Mundo Globalizado’, Fernando Pinto do Amaral revelou que, em 2010, o PNL recebeu mais de dois mil títulos das editoras, um volume de edição que faz com que “livros de qualidade desapareçam rapidamente” dos escaparates.
Apesar disso, o comissário do PNL destacou que “a edição para crianças e jovens tem tido um bom desempenho”, sobretudo ao nível da ilustração e da qualidade gráfica.
O problema, destacou Fernando Pinto do Amaral, é o “mercado triturante que vai atrás da última moda”.
Aquele responsável atribuiu às escolas o “dever de proteger as crianças de certos expedientes comerciais” e de fazer “um acompanhamento mais prolongado das obras literárias”.
“O PNL, nos últimos quatro anos, tem chamado a atenção para obras que não são de consumo rápido”, disse Fernando Pinto do Amaral, na sessão inaugural do colóquio que prossegue hoje, no Instituto de Educação da Universidade do Minho.

Desafios e riscos da globalização

O encontro científico junta 42 oradores de Portugal, Espanha e Brasil.
A propósito do tema geral do colóquio, o presidente do Instituto de Educação, Leandro Almeida, disse que “a globalização traz-nos a ideia de uma enormidade de informação, nem toda ela adequada” às crianças, “mui-tas vezes indefesas face ao marketing instalado”. Para Fernando Pinto do Amaral, “o maior risco da globalização é uma certa diluição das identidades nacionais e locais”, as quais deverão ser preservadas pela literatura infantil.
O colóquio organizado pelo Centro de Investigação em Formação de Profissionais de Educação da Criança procura averiguar até que ponto a literatura infantil inscreve e interroga, nos seus textos, as marcas da globalização, um sistema que inclui, no seu espectro semântico, múltiplas acepções nem sempre coincidentes entre si.
Produtos culturais de potencial recepção leitura infantil: cinema, arte, música e outros; best-sellers e literatura infantil: o consumo globalizado?; identidades, alteridade e suas representações na literatura infantil; centro e margens na literatura infantil e voz e poder na literatura infantil são alguns temas em discussão num encontro que conta também com o apoio do Centro de Investigação em Educação e Psicologia da Universidade de Évora, Observatório de Literatura Infantil e Rede Temática de Literaturas Infantiles y Juveniles en el Marco Ibérico.

José Paulo Silva, in Correio do Minho 29/01/11

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