No dia 2 de abril comemora-se em todo o mundo o nascimento de Hans Christian Andersen.
A partir de 1967, este dia passou a ser designado por Dia Internacional do Livro Infantil, chamando-se a atenção para a importância da leitura e para o papel fundamental dos livros para a infância.
Para assinalar o Dia Internacional do Livro Infantil 2018, a DGLAB convidou a ilustradora Fátima Afonso, vencedora do Prémio Nacional de Ilustração do ano passado, para ser a autora da imagem do cartaz.
A mensagem do IBBY internacional, este ano da responsabilidade da Letónia, consta de um texto da escritora INESE ZANDERE, e de um cartaz do ilustrador Reinis Petersons.
A mensagem deste ano é a seguinte:
O pequeno torna-se grande num livro
As pessoas inclinam-se para o ritmo e para o equilíbrio, tal
como a energia magnética organiza as aparas de metal numa experiência da
física, tal como um floco de neve forma cristais a partir da água.
Num conto de fadas ou num poema, as crianças gostam de repetição,
de refrãos e de temas universais, porque eles podem ser reconhecidos uma e
outra vez – trazem ao texto regularidade. O mundo ganha uma ordem bonita. Ainda
me lembro como, em criança, lutava comigo mesma para defender a justiça e a
simetria, pela igualdade de direitos da esquerda e da direita: se tamborilava
com os dedos em cima da mesa, contava quantas vezes tinha de bater com cada
dedo, para que os outros não se sentissem ofendidos. E quando aplaudia, batia
com a mão direita na esquerda, mas depois pensava que não era justo e aprendi a
fazê-lo de maneira contrária – batendo com a esquerda na direita. Este desejo
instintivo de equilíbrio parece engraçado, é certo, mas mostra a necessidade de
evitar que o mundo se torne assimétrico. E eu tinha a sensação de ser a única
responsável por todo o seu equilíbrio.
A inclinação das crianças por poemas e por histórias surge
igualmente da sua necessidade de levar harmonia ao caos do mundo. Da
indeterminação, tudo tende para a ordem. As canções infantis, as canções
populares, os jogos, os contos de fadas, a poesia – são formas de existência
ritmicamente organizadas que ajudam os mais pequenos a estruturar a sua
presença no grande caos. Criam a consciência instintiva de que a ordem do mundo
é possível, e que as pessoas têm nele um lugar único. Tudo conduz para este
objetivo: a organização rítmica do texto, as linhas com letras e o design da
página, a impressão do livro como um todo bem estruturado. O grande revela-se
no pequeno, e damos-lhe forma nos livros infantis, mesmo quando não estamos a
pensar em Deus ou na dimensão fractal. Um livro infantil é uma força milagrosa
que favorece o enorme desejo das crianças e a sua capacidade de ser. Promove a
sua coragem de viver.
Num livro, o pequeno é sempre grande, de forma instantânea e
não apenas quando se chega à idade adulta. Um livro é um mistério onde se pode
encontrar algo que não se procurava ou que não estava ao nosso alcance. Aquilo
que os leitores de uma certa idade não conseguem compreender, permanece na sua consciência
como uma impressão, e continua a atuar mesmo quando não o compreendem
totalmente. Um livro ilustrado pode funcionar como uma arca do tesouro de
sabedoria e cultura mesmo para os adultos, da mesma forma que as crianças podem
ler um livro para adultos e encontrar nele a sua própria história, um indício
para as suas jovens vidas. O contexto cultural molda as pessoas, estabelecendo
as bases para as impressões que se farão sentir no futuro, assim como para
experiências mais difíceis, às quais terão de sobreviver sem por isso terem de
deixar de ser íntegras.
Um livro infantil representa o respeito pela grandeza do
pequeno. Representa um mundo que se cria de novo uma e outra vez, uma seriedade
lúdica e preciosa, sem a qual tudo, incluindo a literatura para crianças, seria
apenas um trabalho pesado e vazio.
INESE ZANDERE, nascida na Letónia em 1958, é poeta e uma das
maiores escritoras de livros para a infância do seu país.
Tradução: Maria Carlos Loureiro, feita a partir da versão
francesa e espanhola.
Informação retirada DAQUI
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